Pessoas que não têm o que fazer:

terça-feira, setembro 21

Amava a pátria e Beatles

Eu queria ser mais séria, mais adulta, mais desejada, mais sóbria. Essa crença me embalou por um longo ano, e eu deveria olhar menos para mim, me importar menos.
Passei a analisar com certa freqüência,. vidas, costumes, atitudes e até tentei descobrir o que aquelas pessoas passando na rua, pensavam. Tipo um Hobby. O rosto cansado não deixava dúvidas. Queria dormir, descansar, queria se livrar do capitalismo. No fundo não queria, ponderando o fato de que também, desejava algo.
-Oras, todos temos sonhos, metas e objetivos. Senão, continuamos essa dura linha da vida para quê? Para morrer? Nem vamos falar em morte, isso é ooooutra história, longa história.
“Dinheiro enlouquece pessoas”, se você está sempre por perto, deve ter ouvido de mim, essa afirmação, partindo desta, imagino casualmente o mundo sem afeto, ninguém terá tempo para coisas “idiotas”, não é verdade? Não tem mais jeito mesmo. Vou focar no meu presente e idealizar o meu futuro.
Causam-me dores-de-cabeça pensar no futuro dos outros.
Causam-me dores-de-cabeça pensar que o “próximo”, pode me fuzilar a qualquer momento,  acabando com parte do plano de uma vez.  E não me diga para “colocar os pés no chão”! É isso ou terei vindo aqui para nada.

Outra. Outrora.

- Feche os olhos – foi o que ela disse: Feche bem os olhos.
Somos eu e ela, personalidades distintas, um só corpo,  forças opostas competindo por uma posição ao trono. As forças benignas estão vencendo, mas esse laço ainda vai arrebentar.
-Vida pessoal ou profissional?
(Nessa pergunta ela quis dizer que o amor está desgraçando minha vida. Nunca concordei com essa senhorita, e não vai ser uma pergunta boba que vai me deixar pensativa).
-O amor nos prega peças, é traiçoeiro, mente e nos confunde. O conhecimento nos enlouquece, nos irrita, as vezes até fascina, o trabalho, enfraquece, dá dores-de-cabeça e deixa diariamente um gostinho de insatisfação misturado com café. Parece até que você não me conhece. Que não é o eu, o meu eu dentro de minha cabeça. Eu sei equilibrar as coisas, boba. Sei juntar bem com o mal, sei até conviver com você, evito colapsos. Você que imagina muito, sente muito... Agora  deixe-me sozinha que eu preciso fazer umas coisas.
-Pela sua expressão diria que sua cabeça dói.
-Não sinto mais nada. “Minha força está na solidão”, como dizia Clarice. Me alimento de sonhos e desejos incontroláveis, trato feridas evitando que lágrimas caiam sobre elas. Hoje ao entardecer sentirei o perfume dessas flores. Sentirei algo: a saudade provavelmente... A dor me parece irreal, por hoje.  O tempo tem me passado desse jeito, oscilando entre querer e poder. Ontem eu pude, amanhã eu vou querer, hoje...só penso, estou neutra. 

quinta-feira, setembro 9

Ela vai e volta.



 "Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite".
  
Clarice Lispector.

A dor é mais aguda, intensa e incômoda.
Árvores e borboletas faziam poesia. O fogo, orquestra melancólica.
5 cores de cabelo e um propósito, não me lembro qual, ficaram para trás;
E a maneira da qual aquele homem sentado do outro lado da praça vê, permanece, quem sentiu, mudou, muda, transforma. Junte os pedaços do que restou, e Voilá! Tens o que sou, mas, saberás o que sinto? O que digo? O que penso?
-Lamento, mas não posso fazer nada.
Ah, poupe-me dessa sua atitude medíocre. Vou é fumar um cigarro e correr contra o tempo que já estão me esperando para o jantar. Continue aí, sentada com essa sua bunda gorda nesse sofá que fede a gatos.
Nada contra gatos não, eles são sua única compania, eu sei. Você poderia muito bem mudar o mundo, nem que fosse “sua parte” do mundo, mas prefere ficar aí, debruçada no sofá, no chão... snif, digo isso porque me importo.
Mas isso me cansa... [...]
Lá fora está fazendo um barulho estranho, o vento. Acho que vai chover, vou tomar um banho quente, assistir um filme, comer pipoca, ler um trecho do meu livro favorito e escrever para ele.
Ele, o vento.


Obs.: Difícil é escrever algo sem alguma relação com o amor, quando o que mais quero, é abraçá-lo e dizer baixinho que o amo.